Desde quando foi proposta pela primeira vez por Eugene Fama em seu livro “Eficiencia nos mercados de capitais” em 1970 a hipótese de mercado eficiente (HME), a mesma vem sendo testada empiricamente. Existem três condições que precisam ser alcançadas para se chegar a HME:
> Não deve haver custos de transação na negociação dos títulos;
> Todas as informações devem estar disponíveis para todos os participantes do mercado, sem qualquer custo;
> Todos devem ter a mesma percepção da implicação da informação para o preço corrente e para a distribuição de probabilidades de preços futuros.
Essa teoria tem como principais pressupostos:
a) Que o mercado tem de ser competitivo, ou seja, o preço dos títulos pode flutuar de forma a atingir um equilíbrio que seria a igualdade entre a quantidade ofertada e a demandada;
b) Um investidor não pode ter sistematicamente um retorno que, ajustado pelo risco, seja maior que o retorno do mercado;
c) Toda informação nova deve ser refletida no preço do título, imediatamente ou em um período curto de tempo, o que remete ao conceito de racionalidade do investidor.
Segundo Eugene Fama ao presumir que os investidores sejam racionais a hipótese de mercado eficiente pressupõe que os preços de todos os ativos refletem exatamente o valor presente do fluxo de caixa futuro gerado para cada ativo.
Por conseqüência, os investidores processam as novas informações imediatamente após o recebimento dela, reduzindo (elevando) o preço de determinado ativo sempre que a notícia implicar redução (aumento) do fluxo de caixa futuro, sendo que essa redução (aumento) do preço corresponderá exatamente à variação do valor presente do fluxo de caixa futuro esperado. Da mesma forma, se não houver notícia, não haverá alteração no preço de um ativo.
Segundo Torres, Bonomo e Fernandes, em um estudo sobre a aleatoriedade do passeio no mercado brasileiro, uma das hipóteses da HME, os autores concluem que tanto a linearidade quanto a normalidade dos retornos para o mercado brasileiro são rejeitadas, derrubando mais uma vez a HME.
A concepção de lucros extraordinários seria eliminada, uma vez que seja levado em consideração os custos explícitos de transação, como corretagem, taxas e impostos.
Uma das razões mais convincentes para a rejeição da HME afirma Lima em seu livro “Auge e declínio da hipótese dos mercados eficientes” são as freqüentes inovações no sistema financeiro. Quando uma inovação aparece é necessário um tempo razoável para identificar seu efeito nos preços dos ativos. Durante este período de transição, na medida em que mais agentes adotam a inovação, agentes que estão mais familiarizados com ela terão vantagem sobre os retardatários, obtendo lucros pela arbitragem entres os produtos novos e os antigos.
Para Lima a interpretação dinâmica dessa constatação seria que os rendimentos iniciais elevados atraem novos adotantes para o processo de inovação, até que a competição faça desaparecer a vantagem informacional dos primeiros investidores. Tais condições incitam o lançamento de outras inovações tendo em vista a obtenção de novas vantagens informacionais, ou seja:
Em períodos nem muito curtos nem muito longos, este processo envolve o fato de que um rendimento mais elevado que os rendimentos médios... terá uma probabilidade importante de ser seguido por um rendimento em baixa, pela dominação das forças concorrenciais. Em contrapartida, a pressão concorrencial aumenta a probabilidade de inovações que criam novos mercados, nos quais os rendimentos mais elevados podem ser, de novo, realizados. Suscitando aprendizagem, as inovações dão uma memória aos mercados, o que viola o postulado da eficiência (AGLIETTA, 1995, p27 – Macroeconomia Financeira).
O fato de a HME não ter sido provado empiricamente, e teoricamente tendo um grande campo minado para se atravessar, sugere que, pelo fato principal de os preços não se movimentarem aleatoriamente, existe alguma lei como afirma Prechter, em seu livro “Obras-primas de Elliott. A Coleção Defitiva” em 1994, um comportamento social inerente ao ser humano; algo está sendo deixado para trás.
Como Fischer em seu trabalho “Aplicações e estratégias para traders” ressalta, se existe essa lei por trás da natureza humana, e, o mercado de capitais é algo criado pelo ser humano, é natural supor que as mesmas leis que se aplicam à natureza humana se apliquem ao mercado de capitais.
As leis - assim chamado originalmente por Elliott em seu livro “O princípio da Onda” - existentes na natureza é obra de estudo de muitos anos, remetendo aos primórdios dos tempos.
Pode-se encontrar diversos aspectos comuns na natureza, como no crescimento das plantas, nas proporções do corpo humano e dos animais, nas pinturas renascentistas, nas obras arquitetônicas da Antiguidade Clássica, até a Era Moderna.
Há cerca de 2,5 mil anos esta questão já intrigava os gregos. Euclides (323-285 a.C.), o matemático grego, descreveu em sua Proposição VI, uma maneira de buscar o modo mais harmonioso de “(...) dividir um segmento de reta em média e extrema razão”, ou seja, dividir um segmento de reta em duas partes, de tal modo que a razão entre a menor e maior parte fosse igual à razão entre a maior parte e o segmento total. Tal razão é conhecida como “razão áurea” ou “divina proporção” e é simbolizada pela letra grega φ (fi) que tem o valor de 0,618.
A razão áurea também foi estudada pelo monge Luca Pacioli, de Veneza, que escreveu um tratado “De divina Proportione” (Sobre a proporção divida), em 1509.
O Matemático italiano Leonardo de Pisa, o Fibonacci (1180-1250), em seu livro Líber Abaci (Livro do Ábaco), de 1202, propôs o seguinte problema: Um casal de coelhos torna-se produtivo após dois meses de vida e, a partir de então, produz um novo casal a cada mês. Começando com um único casal de coelhos recém-nascidos, quantos casais existirão ao final de um ano?
Tal problema deu origem a uma seqüência, conhecida como seqüência de fibonacci: 1,1,2,3,5,8,13,21,34,55,89,144, 233, 377, 610, 987... Em 1753, o escocês Robert Simsom descobriu que a razão entre dois termos sucessivos quaisquer dessa seqüência tende a φ (0,618) como limite, à medida que se avança mais e mais ao longo da seqüência, como está mostrado na tabela abaixo.
Tabela 1 - Razão entre termos sucessivos da seqüência de Fibonacci
1 | / | 1 | 1,000 |
1 | / | 2 | 0,500 |
2 | / | 3 | 0,667 |
3 | / | 5 | 0,600 |
5 | / | 8 | 0,625 |
8 | / | 13 | 0,615 |
13 | / | 21 | 0,619 |
21 | / | 34 | 0,618 |
34 | / | 55 | 0,618 |
55 | / | 89 | 0,618 |
89 | / | 144 | 0,618 |
144 | / | 233 | 0,618 |
233 | / | 377 | 0,618 |
377 | / | 610 | 0,618 |
610 | / | 987 | 0,618 |
987 | / | 1597 | 0,618 |
1597 | / | 2584 | 0,618 |
2584 | / | 4181 | 0,618 |
4181 | / | 6765 | 0,618 |
6765 | / | 10946 | 0,618 |
Sabe-se hoje que razão áurea está presente na natureza também – na margarida, na semente de girassol, na concha do molusco náutilo; em particular nas proporções do corpo humano. É a mais bela, harmoniosa e agradável proporção entre duas medidas segundo os estudiosos.
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